segunda-feira, 1 de julho de 2024

Porque escolhi Burnout?

 Olá, queridos leitores

Hoje estou vindo contar porque eu escolhi a Síndrome de Burnout para me especializar e atender com o meu trabalho de terapeuta. Primeiro porque a demanda é muito grande e 90% das pessoas que procuram terapia comigo estão com essa Síndrome ou estão com os sintomas sinalizando. Percebi que tenho uma eficiência gigante para ajudar porque conheço as dores, uma vez que passei várias vezes por isso  e aprendi como posso proporcionar alívio; mais importante que isso, é que ajudo as pessoas a estabelecerem mudanças significativas nas suas vidas para que o problema não se torne recorrente. 

Na verdade, o que eu quero te contar é que eu descobri através das minhas pesquisas e atendimentos, como a terapia comportamental, yogaterapia e o Mindfulness podem ajudar pessoas com síndrome de Burnout que também é conhecida como síndrome do esgotamento profissional.  Sendo assim, a maioria dos clientes que me procuram são geralmente pessoas com carreiras bem sucedidas mas com muitas responsabilidades. Elas percebem que não estão dando conta nem do trabalho, nem do tempo, nem da família e muito menos de si mesmas e dos seus próprios sonhos.  

     O excesso das responsabilidades e confusões mentais criadas pelo trabalho começam a proporcionar no corpo físico o que chamamos de psicossomatização. As dores mais comuns são nos ombros, pescoço, lombar e dores de cabeça. A tendinite de braços, mãos e ombros geralmente é um sinal fortíssimo de que a pessoa está se agarrando com todas as forças para não abandonar o trabalho e está cometendo exageros. O perfeccionismo e a busca pelo reconhecimento normalmente são as causas do esgotamento físico e mental. Eu compreendo bem essas dores porque eu já passei por elas e isso me fez compreender todo o processo desde  o início, meio e fim dessa síndrome. 

O mais assustador aqui no Brasil 30% dos trabalhadores sofrem com síndrome do Burnout segundo o isma-br, ou seja cerca de 33 milhões de pessoas. Eu particularmente já considero isso uma epidemia e acho até natural que a maioria das pessoas que apareçam para fazer terapia venha com as mesmas queixas do Burnout. A procura pelas minhas terapias vem por indicação dos meus próprios clientes.  Meu método não é dar conselhos, mas propor reflexões e exercícios que tragam resultados a curto, médio e longo prazo. A minha pesquisa na graduação de Psicopedagogia teve o foco de entender como profissionais de várias áreas, principalmente professores, poderiam ter mais qualidade de vida e de trabalho se souberem utilizar a atenção plena (mindfulness) no seu cotidiano.   Por conta disso a demanda de Burnout nas minhas sessões acaba sendo maior porque eu posso ajudar a regular as emoções, eliminar as dores físicas que vem das pressões do trabalho e mais do que isso, ensinar o meu cliente a lidar com as pressões. Segundo os meus clientes, eles me indicam porque eu consegui fazer com que eles olhassem a vida de forma diferente e terem escolhas mais assertivas, coisas que já estavam dentro deles e que só precisavam de coragem para tocar em frente. 

Normalmente as pessoas procuram a terapia ou até mesmo a psiquiatria quando já estão no limite. Sintomas como desmaios, viroses repetitivas, dores pelo corpo, confusão mental (memória e dificuldade de atenção), crise de ansiedade, tremores, taquicardia, insônia e até mesmo desleixo consigo mesmas podem estar sinalizando esta síndrome. Eu tenho uma cliente de terapia que me contou que fazia muitos anos que ela não saía para comprar roupas, que acabava usando sempre as mesmas e que não estava mais se importando mais com sua aparência, nem  no trabalho e nem consigo mesma. Na verdade, esses sintomas já são as consequências e não a causa! Sintomas como exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional são as verdadeiras causas que levam ao esgotamento físico, emocional e mental. Uma das coisas que eu peço para os meus clientes observar é quanto o domingo é difícil e se sofrem por antecipação  sabendo que na segunda-feira terá que trabalhar. Geralmente as pessoas com Síndrome de Burnout relatam que estão com cansaço excessivo que não tem mais nem energia devido aos problemas profissionais. Outro sintoma comum é a ausência de sentimentos em relação aos colegas de trabalho ou com seus clientes. Obviamente a insatisfação profissional, ou seja, quando as pessoas não são valorizadas e não são reconhecidas pelos seus líderes pelo seu esforço e pelo seu trabalho, a chance de desencadear a síndrome de Burnout é muito grande e não acontece da noite para o dia.

      Infelizmente as pessoas só tomam uma atitude para fazer terapia e ir atrás das suas mudanças quando realmente a sua saúde mental está totalmente afetada e o pior, normalmente as pessoas vão ao psiquiatra e começam a tomar a medicação para continuar e suportar os problemas do trabalho. Nem sempre são afastadas das funções porque não tem opção, principalmente quando elas ganham somente se trabalham.  O meio ambiente é o primeiro lugar onde a pessoa precisa mudar para poder se recuperar, ou se afastando ou mudando as atitudes. 

Outro fator muito importante que precisa ser comentado é que, como a pessoa está esgotada profissionalmente, normalmente a sua rotina organizacional também se perde aumentando ainda mais a sua confusão mental. As pessoas acham que a síndrome do Burnout só dá em pessoas que não gostam do que fazem, não gostam do próprio trabalho ou que ganham muito mal. Isso não é verdade porque muitos profissionais, mesmo gostando das suas áreas, podem sofrer do Burnout por conta de alguns excessos como por exemplo, a carga horária excessiva, os excessos de demandas, cobranças exageradas por resultados, demasiadas preocupações, falta de reconhecimento e cultura organizacional desequilibrada. Ainda são poucas as empresas que têm esse cuidado com o seu colaborador ou com o seu trabalhador, ajudando no tratamento, no diagnóstico ou criando atividades laborais que possam ajudar na qualidade de vida da sua equipe. Normalmente a pessoa que está com a síndrome de Burnout é atendida por um psiquiatra, onde recebe um diagnóstico e começa a tomar medicamentos como ansiolíticos e antidepressivos. Porém é indicado além de rever o ambiente de trabalho, procurar por outras atividades que tragam alegria, mas principalmente fazer sessões de psicoterapia para apoiar nas mudanças e nas decisões. 

Eu atendo meus clientes com a junção de mindfulness, terapia comportamental e yogaterapia (área da terapia que eu uso há mais de 20 anos). Essa junção ajuda as pessoas a observarem melhor as suas escolhas, a desenvolver melhor a sua inteligência emocional, a se tranquilizarem, a dormir melhor, a aprender a relaxar e poder regular as suas próprias emoções. A maioria dos meus clientes não precisou fazer uso prolongado das medicações psiquiátricas e com a própria terapia aprenderam a identificar os gatilhos que poderiam trazer recaídas da síndrome de Burnout no seu dia a dia através do seu trabalho. 

Se você estiver identificando em si, esses sintomas acima, marque uma conversa comigo para tirarmos essa dúvida. 


Abraço apertado. 


Pérola de Souza


segunda-feira, 24 de junho de 2024

EDUCAÇÃO INCLUSIVA DA HIPERATIVIDADE

Olá, queridos leitores. Estou compartilhando o artigo que eu escrevi para a graduação de Psicopedagogia, fundamentando métodos modernos sobre como a atenção plena (mindfullness) pode ajudar no processo de regulação. Ótima leitura! Abraço



SOUZA, Pérola Machado de 


Resumo

Este estudo caracteriza-se como pesquisa que teve como objetivos compreender sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), bem como verificar como está sendo experimentado pelos professores e psicopedagogos de forma real na educação. São avaliadas e percebidas a diferença entre os termos inclusão, exclusão, segregação e integração e também a compreensão da importância de uma escola inclusiva para a sociedade. Os métodos utilizados foram a observação de uma criança hiperativa numa escola de educação infantil municipal (CMEI), conversa com a professora e pesquisa bibliográfica. A conclusão desse estudo demonstra que na prática a inclusão não está sendo eficiente por fatores estruturais tanto físicos como nas áreas de capacitação.

Palavras-chave: Inclusão, exclusão, hiperatividade.


É preciso compreender a diferença dos termos inclusão, exclusão, segregação e integração para entender e modificar o que está acontecendo de fato com a educação. Na prática a inclusão está levando à exclusão, mesmo com as políticas públicas estarem se mobilizando para ocorrerem as mudanças positivas para que a inclusão realmente aconteça.  O nome do que está acontecendo na realidade é a integração. Na inclusão, a escola propicia o acolhimento, se responsabiliza pelo desenvolvimento do aluno com deficiência, planeja solução, aceita com ele é e integra a família. A exclusão acontece porque na integração (tentativa de inclusão) a responsabilidade do aprendizado é do aluno e da família que muitas vezes é cobrada pela dificuldade de adaptação do aluno, e muitos casos de segregação, ou seja, o aluno não participa das atividades que os outros alunos fazem e acaba sendo deixado de lado. No caso da criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ainda existe a visão de que a criança veio sem limites de casa e não respeita a escola. Na prática professores sofrem com falta de estrutura e capacitação para poderem realizar de fato a inclusão.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das deficiências que mais tira a paciência dos professores uma vez que o hiperativo não dá muito tempo e tranquilidade para o que o professor possa dar sua aula, agita os outros alunos, chama muito a atenção e não fica muito tempo nas atividades como as outras crianças. Visto, por muitas pessoas, como mal educado e sem limites, o TDAH tem como características a combinação da dificuldade de atenção e da agitação motora e não somente hiperatividade. É observado em crianças porque tem início nesta faixa etária e nem sempre continua na vida adulta. Os sintomas do TDAH incluem a impulsividade, pequenos acidentes decorrentes, mudança de foco rápida, impaciência, irritabilidade com pessoas mais “lentas”, dificuldade em terminar tarefas, dificuldade em colocar em prática suas ideias, problemas em se expressar, pouca ou nenhuma tolerância à frustração, problemas com organização, tendência ao isolamento e necessidade de adrenalina.
Na sala de aula, o hiperativo agita as mãos ou pés com frequência, abandona sua cadeira, corre, escala pelas carteiras e cria situações inapropriadas. A criança com TDHA fala demais e não espera as perguntas serem completadas. Uma das maiores dificuldades é aguardar a sua vez para as atividades. Sofre de ansiedade excessiva e interrompe ou intromete-se em assuntos alheios. Isso resulta em dificuldade em aprender sendo desconcentrado e apresentando  dificuldade de memória.
Apesar de todos os problemas citados acima, a criança com TDHA tem potencialidades que se forem bem aproveitadas resultarão em adultos felizes, realizados e produtivos. São potencialidades que demonstram que a criança com TDHA tem pensamentos originais e que possui muitos talentos criativos. Altamente intuitivos e afetivos, a criança com essa deficiência tem um jeito diferente de encarar a própria vida e tem um comportamento generoso. Geralmente tem uma inteligência acima da média e se algo lhe agradar conseguirá ter um ótimo foco. Os adultos com esse transtorno podem ser muito bem sucedidos pois são criativos, espontâneos e proativos. Sua impulsividade também leva a ser uma pessoa mais decidida e a hiperatividade pode ser uma fonte excelente e inesgotável de energia. Apesar disso, como é uma criança que apresenta muita dificuldade de adaptação, a taxa de punição, suspensão e expulsão escolar é três vezes maior do que a dos demais alunos. Sendo assim a segregação é muito visível nesse tipo de deficiência e a exclusão é a principal consequência.
Segundo o blog aprendizagem tdah, o papel do professor e da escola é apoiar o tratamento que é feito por psicoterapia e nutricionista (é comprovado que determinados alimentos deixam as crianças mais agitadas). Em sala de aula é necessário que o professor trabalhe com rotinas claras e previsíveis, que a sala seja organizada de forma circular, a criança precisa ficar perto do professor que deve colocar limites claros e objetivos. A criança com TDHA deve ficar afastada de portas e janelas para evitar distrações e sempre manter contato visual com o professor. As atividades devem ser intercaladas em alto e baixo interesse e as aulas devem ser mais estimulantes e curtas para prender a atenção do aluno. Finalmente o professor precisa manter contato com a família e com o psicoterapeuta para que juntos consigam colocar em prática a inclusão e não apenas integrar a criança com TDHA que poderá no final disso tudo terminar frustrada se não tiver vontade, compreensão e paciência por parte dos profissionais.
Referências
Inclusão escolar: um desafio Esteban Reyes Celedón
http://teleduc.proinesp.ufrgs.br/cursos/diretorio/tmp/72/portfolio/item/70/inclusao.htm. Acesso em: 11 jul. 2016.

 

ATENÇÃO PLENA NO CONTEXTO PSICOPEDAGÓGICO

Olá, queridos leitores! Escolhi este artigo que escrevi para a minha graduação em Psicopedagogia para inaugurar esse blog. Fiquei muito feliz em receber a nota máxima dos meus professores e mais feliz ainda em compartilhar para demonstrar o quanto a Atenção Plena é um caminho incrível para a saúde mental. Boa leitura e se possível deixe o seu comentário. Abraço apertado!


ATENÇÃO PLENA NO CONTEXTO PSICOPEDAGÓGICO: BENEFÍCIOS E POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS

SOUZA, Pérola Machado de
RU 1802031
VALLE, Andreia Elicker de Oliveira do

RESUMO

O objetivo deste trabalho é investigar a prática da atenção plena aliada a prática de psicopedagogia através da análise de livros e artigos publicados sobre o tema. A prática de atenção plena, também conhecida como mindfulness e meditação, vem ao encontro da iniciativa em se buscar como esta forma de autoconhecimento pode apoiar o ato de aprender no contexto da psicopedagogia clínica, escolar e até mesmo empresarial. 

Palavras-chave: Atenção plena. Psicopedagogia. Inteligência emocional. 


1 INTRODUÇÃO

    O tema que será desenvolvido neste projeto de pesquisa é sobre como a utilização da prática de atenção plena associada com a psicopedagogia pode apoiar a práxis de ensino-aprendizagem.   
Ainda são poucas as pesquisas e aplicações da atenção plena como instrumento psicopedagógico no Brasil e por isso surge a pergunta: como novas formas de intervenção podem ser aplicadas no contexto da educação? A atenção plena tem sido utilizada em várias abordagens psicoterapêuticas, se destacando dentro das ciências, principalmente da medicina, neurociências e psicologia, justificando a importância deste estudo para encontrar de que forma essa prática pode apoiar indivíduos aprendentes e educadores, além de ser um método que pode ser pesquisado e utilizado nas intervenções clínicas e institucionais, através da psicopedagogia.
    O objetivo geral deste estudo é demonstrar como as técnicas de atenção plena modificam o estado de consciência do praticante, melhorando sua auto-observação, equilibrando as suas escolhas e promovendo mais qualidade de vida. Além disso, este estudo pretende demonstrar como estudantes com problemas de atenção e aprendizagem podem se beneficiar com as técnicas para melhorar a sua concentração, ajudando a eliminar a dispersão. 
    Foi pesquisado sobre os benefícios da atenção plena e encontrados artigos sobre o que é o mindfulness. Para Rahal (2018), esta abordagem é uma forma de se relacionar com a experiência presente, ou seja, envolvendo a habilidade de prestar atenção intencionalmente.  Segundo o autor, a atenção plena começou a ser integrada à Psicoterapia no início do século XX e atualmente tem sido utilizada em diversas abordagens comportamentais. Para compreender como a prática do mindfulness pode apoiar a atuação do psicopedagogo foi pesquisado sobre a prevenção, diagnóstico e a intervenção do processo de ensino-aprendizagem. São várias as definições sobre o que é a aprendizagem e como funcionam as interferências tanto dos fatores internos quantos dos externos ao indivíduo (FARIAS, E, GRACINO, E. 2019). Finalmente, para fundamentar este projeto foi buscado entender mais sobre os fundamentos da psicopedagogia. Claro (2018) ressalta que a psicopedagogia é a área de estudo que se preocupa em investigar a maneira como o sujeito constrói seu conhecimento e que propõe estratégias que auxiliem no aprendizado.
    Para fundamentar a investigação sobre atenção plena e Mindfulness relacionados com as práticas de educação com alunos e professores, foram realizadas pesquisas bibliográficas através de artigos científicos do Scielo, Google acadêmico e livros digitais. Também foi buscado através dos livros físicos e digitais da psicopedagogia, formas de aliar as técnicas de atenção plena para ser utilizada como prática de intervenção e que demonstram como as emoções funcionam através da neurociência. 


DESENVOLVIMENTO (ATENÇÃO PLENA NO CONTEXTO PSICOPEDAGÓGICO: BENEFÍCIOS E POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS)

    A atenção plena é uma prática que tem sido empregada atualmente em diversas psicoterapias, entre elas a Terapia Cognitiva-Comportamental que é baseada em mindfulness (nome da prática de atenção plena). O estudo de atenção plena no contexto psicopedagógico para este artigo foi desenvolvido através de pesquisas que demonstrem as possibilidades de prática e benefícios para o aprendizado do indivíduo. Primeiramente é preciso perceber qual é o papel da psicopedagogia no contexto da educação para depois poder associar com as funções da atenção plena na cognição do indivíduo que aprende. A psicopedagogia se tornou uma profissão à parte em 12 de novembro de 1980 com a criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Segundo Claro (2018), o conceito de psicopedagogia remete a duas grandes áreas do conhecimento: psicologia e pedagogia. Sendo assim o foco de estudo é o sujeito e como ele aprende. 
    Jorge Visca foi um dos primeiros psicopedagogos, que através da psicopedagogia convergente, propõe um diagnóstico que precisa convergir na compreensão dos aspectos afetivos, cognitivos e do meio. É uma forma de intervenção muito semelhante às técnicas de atenção plena, que levam o indivíduo a um olhar mais profundo para si mesmo, entender onde as dificuldades de aprendizado surgem e podem ser modificadas. Para relacionar a prática de atenção plena com a psicopedagogia também foi necessário observar os pensamentos de outras escolas que contribuíram para a epistemologia convergente, com a epistemologia genética de Jean Piaget que busca entender como o sujeito constrói conhecimentos como relata (CLARO, 2018).
    A prática de atenção plena tem o aspecto construtivista proposto por Vygotsky pois segundo este teórico, o homem é um ser social, dotado de história e cultura (Claro, 2018). Esta mesma autora cita que a corrente pedagógica que originou do pensamento de Vygotsky é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo. A aproximação deste pensamento com a atenção plena é justamente porque a prática leva a perceber como estão as relações afetivas, os comportamentos e que escolhas podem ser feitas para equilibrar esses fatores. Estudando todos esses autores teóricos chegou-se a conclusão que psicopedagogia estuda a aprendizagem, aquele que produz conhecimento e tem como objetivo compreender o sujeito em sua totalidade.
    A psicopedagogia tem mais que um papel de intervir nas dificuldades de aprendizagem pois tem também um enfoque preventivo, através de intervenções e avaliações que podem ser aplicadas no trabalho clínico e institucional.  Para a prática do psicopedagogo acontecer, é necessário que a atuação comece no campo da investigação que é sustentada por outras áreas do conhecimento, como a psicologia, a pedagogia, a neurologia, a neurociência, entre outras que potencializam possibilidades singulares de cada pessoa (CLARO, 2018). A atenção plena, ou até mesmo a meditação oriunda da filosofia, escolas esotéricas e até mesmo religiosas, pode vir a ser mais uma área do conhecimento, com base na neurociência para ser usada como forma interventiva e até mesmo preventiva das dificuldades de aprendizado, pois o indivíduo vai aprender a auto-observação e a auto percepção. Segundo Ramon (2021), a prática de atenção plena motivou o surgimento de outros programas semelhantes e assuntos como a meditação, que sempre foi visto como religioso ou filosófico, hoje tem sido esclarecido através de correlações neurobiológicas e ensinadas em contextos laicos. É importante observar que existe um encontro entre a filosofia e a pedagogia pois isto traz a reflexão sobre a educação.  
        Os autores da psicopedagogia trazem conceitos que podem ser ligados aos benefícios que a prática de atenção plena pode proporcionar. Exercitar a atenção voluntária pode apoiar o aprendizado do indivíduo, que é avaliado conforme a sua totalidade e de forma multidisciplinar. Estes autores demonstram que para a aprendizagem acontecer é necessário autoconhecimento que é justamente o que a inteligência emocional desenvolvida pela atenção plena pode proporcionar. Para entender os efeitos da prática de atenção plena, este estudo voltou-se para a neuropsicologia, onde o conceito de memória de trabalho ou memória operacional, é trazer algo para a consciência e manter a atenção. Em uma tradução literal do inglês, mindfulness seria a qualidade de quem é atento, e o termo tem sido transposto, como atenção plena ou consciência plena (RAMON 2021).
        Através de técnicas de neuroimagem, estudos demonstram que a prática de meditação ou atenção plena impacta a neuroplasticidade e como relata Ramon (2021), provoca mudanças estruturais do cérebro com alterações nos funcionamentos cognitivo e emocional. A neuroplasticidade é crucial para a capacidade de aprendizagem, ou seja, quando o sujeito aprende alguma coisa, o cérebro se modifica, já a prática de atenção ou meditação muda estruturas e circuitos cerebrais da mesma forma. O assunto ainda é muito investigado e não tem conclusões definitivas. O mesmo autor cita que Britta Holzel e colaboradores propõem que a prática de mindfulness regula a atenção, aumenta a consciência corporal, regula as emoções e cria mudança na autopercepção. 
        A autorregulação é o processo de dirigir a atenção nas próprias ações e pensamentos para atingir um objetivo. Em neuropsicologia, a autorregulação é uma função executiva, ou seja, um conjunto de processos cognitivos para estabelecer uma estratégia comportamental. Ramon (2021) também enfatiza que estudos indicam que a autorregulação é relacionada no desempenho escolar dos jovens e também com a saúde, as habilidades sociais e até mesmo o sucesso profissional. Sendo assim, é através da atenção que um monitoramento acontece e é onde o indivíduo pode impedir comportamentos autônomos, podendo escolher condutas que considerar mais importantes. 
Considerando os estudos da neurociência das emoções no processo de aprendizagem, Morais (2020) afirma que o aprender ocorre de forma integradora, ou seja, além do processo cognitivo, é preciso ter uma interação com os fatores emocional, racional e social. Para o autor, o autocontrole envolve o córtex frontal e regula as emoções e a neurociência demonstra que a prática de atenção plena tem o mesmo papel, utilizando a mesma função cerebral. Algumas dificuldades de aprendizagem surgem da tendência natural para a divagação, principalmente no mundo moderno, por conta do excesso de informações disponíveis e pela prática de buscar informações nos dispositivos eletrônicos. Assim também tem se tornado comum as pessoas realizarem atividades simultâneas, achando que está acontecendo de forma eficiente e produtiva. Na verdade, o cérebro está alternando as atividades e, portanto, o desempenho é mais lento e superficial.  
        O resultado é que estamos constantemente destreinando a capacidade de exercitar a atenção executiva e, cada vez mais, perdendo a habilidade de nos concentrarmos em uma tarefa de cada vez. Consequentemente, estamos enfraquecendo nossa capacidade de autorregulação. (RAMON, 2021, p. 15) 
        As dificuldades de aprendizagem podem ser advindas de contextos como o familiar, o cultural e o social e não somente do ambiente escolar como afirma Claro (2018), confirmando que o desequilíbrio emocional e afetivo afeta diretamente o aprendizado. Isto ocorre porque as emoções regulam a atenção e vice-versa. Para Ramon (2021) as regiões corticais que coordenam a função executiva desencadeiam as respostas emocionais. Sendo assim, a atenção contribui para o alcance do equilíbrio emocional e o indivíduo consegue controlar as reações impulsivas quando tomado pelas emoções. Um dos mais importantes fundadores da psicologia moderna, William James, falava sobre a importância de desenvolver a atenção para uma educação por excelência e como afirma Ramon (2021), os variados tipos de meditação praticados por várias culturas ao longo dos séculos têm em comum o treinamento da atenção voluntária. A meditação altera a atenção, o controle emocional e a autopercepção porque utilizam as mesmas estruturas cerebrais. 
        A atenção plena pode influenciar o aprendizado em sala de aula, que acaba sendo limitado por conta da falta de atenção provocada pelo condicionamento moderno de multitarefas, ou seja, o indivíduo está se habituando cada vez mais a fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e quando precisa se concentrar em uma tarefa única, encontra dificuldades de se concentrar, muitas vezes se sentindo ansioso e inquieto. O cérebro não divide realmente a atenção, alternando entre os objetos de atenção, tornando o processamento mais lento e mais superficial (RAMON, 2021). 
     A palavra cognição refere-se ao ato de conhecer, que envolve processos neurobiológicos, psicológicos como a percepção e a memória. A regulação emocional, que é justamente a capacidade de mudar de forma voluntária a experiência emocional, pode impulsionar a sensação de bem-estar, equilibrar as inter-relações sociais que são aspectos importantes para o aprendizado acontecer, ou seja, tornando o sistema cognitivo mais eficiente. 
​​ O objetivo da linha de psicopedagogia clínica é observar, diagnosticar, avaliar e intervir na metodologia da aprendizagem para indivíduos com dificuldades em aprender. Os principais transtornos do neurodesenvolvimento são: transtorno do espectro autista (TEA), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), deficiência intelectual (DI), transtorno específico de aprendizagem (dislexia, discalculia) e os transtornos motores (tiques, síndrome de Tourette) (HADDAD, 2019). A prática de yoga para crianças, que tem como por objetivo desenvolver a atenção plena de forma lúdica, tem sido difundida nas escolas e instituições no brasil. É uma forma de atuação que visa ajudar as crianças que sofrem tanto com os transtornos quanto os distúrbios de aprendizagem. Basicamente este tipo de prática serve justamente para ajudar o indivíduo a regular as suas emoções utilizando as técnicas de atenção plena. O Yoga é uma prática muito antiga e milenar, que surgiu na Índia. Para o Yoga, a respiração é mais do que um ato fisiológico pois segundo Patanjali, autor do Yoga Sutra que é um dos textos clássicos e básico do yoga, os exercícios respiratórios conhecidos como Pranayamas, tem também efeitos sobre as emoções e na energia do ser (SARASWATI, 1996). Segundo Santos (2013), estes exercícios respiratórios são capazes de influenciar no equilíbrio físico e mental, desenvolvendo uma consciência corporal mais eficaz, assim como a concentração e o hábito de pensamentos positivos. Nos indivíduos com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), o circuito executivo está desregulado, ou seja, justamente sofrem com uma disfunção atencional, com alterações nos processos emocionais e motivacionais. Por conta disso, estes indivíduos têm muita dificuldade em planejar as suas condutas, inibir comportamentos inadequados e acabam por ter baixo desempenho escolar. O sintoma mais significativo do TDAH é a dificuldade de atenção, e para Farias (2019) é preciso estimular a atenção das crianças que sofrem com esse transtorno, estimulando a atenção, com uma motivação adequada, pois o Tdah não acomete a inteligência ou a criatividade do indivíduo. O indivíduo com TDAH têm dificuldade em organizar seus pensamentos e tarefas. Sendo assim, exercitar a atenção plena de forma voluntária certamente pode vir ajudar os indivíduos que precisam exercitar suas organizações mentais e do seu próprio ambiente. Sendo assim, chegou o momento onde a neurociência poderia investigar mais a fundo sobre como exercitar a atenção plena e através da neuroplasticidade que ela produz pode ajudar o indivíduo como um todo, principalmente para os indivíduos que apresentam dificuldades ou transtornos de aprendizagem. 
    Segundo Claro (2018), o papel do psicopedagogo no ambiente educacional é auxiliar professores e coordenadores pedagógicos para refletir sobre o papel da educação levando em consideração as dificuldades de aprendizagem. Sendo assim, o psicopedagogo escolar deve orientar os alunos que apresentam dificuldades e encaminhá-los a profissionais especializados, caso perceba a necessidade em direcioná-los para psicólogos, fonoaudiólogos, neurologista e psiquiatras. O psicopedagogo escolar precisa participar das reuniões de pais, esclarecer sobre o rendimento escolar dos filhos e orientar a melhor forma para motivá-los nas tarefas escolares no lar. A atenção plena poderá vir a ser mais uma forma de intervenção do psicopedagogo escolar, não só para os alunos com dificuldades e transtornos de aprendizagem, mas para todos os aprendentes da instituição para apoiar no ensino. Para Rahal (2018), apesar das pesquisas nessa área serem recentes, elas já demonstram excelentes benefícios no contexto escolar como melhora da performance cognitiva, aumento da resiliência ao estresse e que também pode ser inclusiva.
  Um dos métodos da prática da atenção plena é na respiração lenta por conta do seu efeito relaxante. Pode ser aplicada como intervenção, assim também como a prática de yoga para adolescentes e crianças. Para Massola (2012), é necessário desenvolver a observação e o olhar interno e sendo assim, a prática de yoga tem se mostrado uma maneira nova e eficiente para auxiliar no desenvolvimento físico e mental desta faixa etária. Na prática, observa-se nas crianças grande interesse, alegria e facilidade em aprender esta milenar arte indiana para integração de corpo e mente (Massola, 2012).  
No contexto da psicopedagogia empresarial, os benefícios da prática de atenção plena podem ser muito produtivos, ajudando ao educador ou o aprendente empresarial a lidar com os desequilíbrios da profissão para que possam ter mais motivação para os seus propósitos. A satisfação no trabalho é influenciada pela motivação e a promoção de intervenções que despertem o desejo de manter a profissão (DAVOGLIO, SPAGNOLO 2017). A psicopedagogia empresarial pode provocar mudanças no comportamento do ser humano para que possam melhorar o seu desempenho tanto profissional como pessoal. Através de uma investigação como funciona a prática de atenção plena (mindfulness) para grupos de empresas, instituições formais e não formais de ensino, observa-se que pode ser criada uma proposta de trabalho para que educadores e colaboradores das instituições possam se beneficiar das técnicas voluntárias de atenção e auto-observação. Os problemas de relacionamentos nas instituições, que afetam o crescimento e produtividade do ambiente acabam originando os comportamentos que comprometem a harmonia. Esses problemas podem ser identificados com a visão autocentrada que leva o indivíduo a reagir de forma irrefletida. Ramon (2021) afirma que os pensamentos são eventos mentais: eles ocorrem, mas não são gerados voluntariamente. 
“Se um pensamento me ocorreu, então é porque eu penso assim: isso sou eu”. Ao fazer isso, criamos uma realidade particular, capaz de alterar nosso sentimento emocional e gerar comportamentos inadequados às circunstâncias. (RAMON, 2021, p. 37) 
 
    A prática de atenção plena muda a autopercepção e aumenta a capacidade de autorregulação, onde o indivíduo passa a ter maior discernimento e capacidade de escolha. Sendo assim, pode vir a ser muito útil como prática de psicopedagogia empresarial. O psicopedagogo empresarial precisa ter um conhecimento humanístico, filosófico e técnico para atuar juntamente com os Recursos Humanos da empresa. Segundo Claro (2019), o psicopedagogo é o profissional que por meio de instrumentos e técnicas próprias, pode analisar queixas e propor soluções baseadas em um diagnóstico, deve ter como objetivo desenvolver uma aprendizagem para o grupo que valoriza a autoestima e a autonomia através de instrumentos que ajudem a superar as suas dificuldades. Dessa forma o psicopedagogo pode realizar trabalhos em grupos através de dinâmicas, jogos, atividades lúdicas, entre outros, propondo um trabalho multidisciplinar que pode ser desenvolvido nos níveis de promoção, prevenção e tratamento (CLARO, 2019). Os instrumentos para avaliação psicopedagógica institucional devem ter uma visão ampliada da instituição, diferente da avaliação psicopedagógica clínica, que avalia o indivíduo isoladamente. Para a mesma autora, na Teoria do Vínculo, proposta de grupos operativos a qual se fundamenta em uma psicologia social, apresentada por Pichon-Rivière em 1960, na Argentina, o sujeito é visto como parte integrante de um grupo e suas ações são decorrentes da inter-relação estabelecida entre eles. Sendo assim, a psicopedagogia precisa proporcionar a consciência que possibilita o desenvolvimento social. Um exemplo de intervenção no âmbito escolar vem através de um estudo na Espanha que demonstrou que o desenvolvimento de um trabalho com professores através da inteligência emocional tem um impacto positivo nas questões relacionadas ao afeto emocional, burnout e otimismo (DORNELLES, CRISPIM, 2020). 
    O resultado dessa pesquisa deixa clara a importância do desenvolvimento das técnicas de inteligência emocional para preparar profissionais para enfrentar os desafios da era atual. Aliada à inteligência emocional, a atenção plena ou consciência plena é uma ferramenta muito adotada em grandes empresas como a Google, Facebook e Apple que confirmam que os ganhos são diversos como o aumento da concentração, do foco, da criatividade e até mesmo da produtividade. Para os autores Demarzo & Campayo, (2015), o estado de “estar presente” pode ser cultivado de diversas formas, como a   meditação, por exemplo, como foco na auto regulação da atenção. 
Para entender como a prática de atenção plena, mindfulness e meditação podem ajudar o psicopedagogo com a psicopedagogia empresarial é necessário analisar o pensamento. Ramon (2021) relata que quando o indivíduo observa os pensamentos, ou seja, observa o próprio espaço mental, como os pensamentos surgem e desaparecem, é onde ele compreende que os pensamentos são apenas pensamentos, ou seja, não é necessário se identificar com eles, podendo observar como ele ocorre, com aceitação e sem julgamento. Por conta disso, a capacidade de discernimento aumenta e o indivíduo consegue criar a competência de escolher entre alternativas comportamentais, freando a impulsividade. Sendo assim, olhar para o pensamento reflete em sair do "piloto automático", modificando o circuito cerebral do modo padrão responsável pela divagação e mobilizando a atenção executiva. Se o objetivo da psicopedagogia empresarial é modificar o indivíduo, no sentido de melhorar o seu próprio aprendizado e equilibrar o seu envolvimento com o coletivo do meio em que atua, então a prática de atenção plena pode vir a ser uma grande aliada como forma de auto-observação e escolha das próprias ações. O objetivo deste estudo é justamente este que demonstra como a atenção executiva pode beneficiar a prática psicopedagógica, uma vez que o indivíduo pode vir a desenvolver a capacidade deliberativa consciente. O córtex pré-frontal é a região onde a organização das respostas adequadas para a resolução de problemas acontece e para Morais (2020) uma tomada de decisão que envolve um componente emocional acontece por meio de ligação entre este córtex e o córtex parietal. As estruturas límbicas são a parte estrutural do cérebro que regula as emoções e segundo Ramon (2021) é cada vez mais evidente que não se pode separar o processamento das emoções do processamento cognitivo. Praticar o desengajamento sistemático de pensamentos cultiva uma flexibilidade atencional, muito útil na regulação das emoções. Ainda segundo o autor, o indivíduo aprende a perceber que as emoções são estados transitórios e essa percepção contribui para a diminuição ou eliminação do estresse. A amígdala é o centro nervoso relacionado com a ansiedade e também é responsável pelo aprendizado. Segundo Morais (2020) a emoção tem um papel significativo na aprendizagem pois o processo cognitivo tem seu funcionamento interligado a habilidades emocionais desenvolvidas, ou seja, o autor confirma que a execução e tomada de decisão podem ser prejudicadas pela vivência emocional porque os processos emocionais estão relacionados com o funcionamento do sistema nervoso, envolvendo inteligência, memória e atenção. É por isso que a sugestão de uma prática contemplativa como a atenção plena ou meditação,  levam a percepção de melhoria do estresse e promovem alterações nos indicadores fisiológicos, baixando o nível de cortisol, regulando a atividade cardíaca e melhorando o sistema imunitário. Morais (2020) afirma também que com a prática de atenção plena, é possível diminuir a atividade do sistema nervoso simpático e o ritmo respiratório lento regulam a atividade parassimpática. Todas essas alterações aumentam a sensação de bem-estar, diminuindo a ansiedade, promovendo a regulação emocional e consequentemente melhorando as capacidades cognitivas para um melhor aprendizado, seja ela qual for. 
       


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Este estudo teve como objetivo investigar a prática de atenção plena em contexto psicopedagógico. Para isto, tomou-se como base estudos sobre a atuação do psicopedagogo e como funciona o processo ensino aprendizagem. Também foi estudado sobre como a prática de atenção plena pode beneficiar tanto o educador quanto o aprendente e pode ser utilizada também como prática psicopedagógica. Para tanto, foi utilizado estudos que fundamentam a psicopedagogia, de Claro (2018), assim como também funciona a avaliação psicopedagógica clínica, de Haddad (2019). Para entender como a prática de atenção plena altera a neuroplasticidade cerebral foram utilizados estudos de Ramon (2021) que explica como o exercitar a atenção, a auto-observação e a inteligência emocional favorecem o ato de aprender. Dos estudos apresentados, foram escolhidos aqueles que demonstraram como funciona a neurociência das emoções e porque o desequilíbrio emocional afeta o desenvolvimento humano e o aprendizado. 
A partir deste estudo observa-se que as intervenções psicopedagógicas poderiam se aproveitar dos benefícios da prática de atenção plena, que pode ser usada no contexto clínico, escolar e até mesmo empresarial. No contexto clínico, utilizar técnicas que utilizem a respiração lenta, observação do momento presente e observação de si mesmo, pode favorecer um estado de presença e consciência mais tranquilo para apoiar a prática do psicopedagogo. No contexto escolar, a prática de atenção plena pode melhorar a afetividade, equilibrar os relacionamentos, desenvolver a inteligência emocional nos alunos e como consequência propiciar um melhor e mais comprometido aprendizado. No contexto empresarial, exercitar a atenção plena com técnicas que ensinam o indivíduo a estar mais presente, pode diminuir o estresse e ansiedade, facilitando a comunicação, aumentando a auto realização e melhorando a regulação do comportamento. 
Assim, pode-se concluir que a partir do levantamento dos estudos pesquisados, que a prática de atenção plena em todos os contextos citados acima pode vir a ser muito eficaz. Esta pesquisa evidenciou que as modificações cerebrais originadas pela atenção plena são significativas e precisam ser mais praticadas, pesquisadas e divulgadas para auxiliar o papel do psicopedagogo. 
Fica claro que há necessidade de aprofundamento sobre o tema e os estudos que foram escolhidos são bem atuais e já demonstram através da neurociência os efeitos neurológicos desta prática. Sendo assim, mais do que nunca é necessário que as intervenções com a atenção plena sejam realizadas e publicadas para demonstrar a eficácia desta prática.  
 
 
REFERÊNCIAS 

CLARO, Genoveva Ribas Claro. Fundamentos de psicopedagogia. Curitiba. InterSaberes, 2018. (Série Panoramas da Psicopedagogia)

COSENZA, M. Ramon. Neurociência e mindfulness: meditação, equilíbrio emocional e redução do estresse. Livro Digital, 2021, Porto Alegre, Artmed Editora. 

Morais, Everton Adriano de. Neurociências das emoções. Curitiba: Intersaberes, 2020. (Série Panoramas da psicopedagogia).

HADDAD, Monaliza Ehlke Ozorio. Avaliação psicopedagógica clínica [livro eletrônico]. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia)

SARASWATI, S. S. Asana Pranayama Mudra Bandha. New Delhi: Bihar School of Yoga, 1996.

SANTOS, A. G. et al. Yoga, uma abordagem complementar para o desenvolvimento psicomotor da criança na escola. Coleção Pesquisa em Educação Física, Várzea Paulista, v. 12, n. 4, p.135-144, out. 2013.

FARIAS, E, GRACINO, E. Dificuldades e distúrbios de aprendizagem. 1.ed. Curitiba: InterSaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia).
 
RAHAL, Gustavo Matheus. Atenção plena no contexto escolar: benefícios e possibilidades de inserção. Artigo de psicologia escolar e educacional, Instituto Federal do Paraná. Foz do Iguaçu, 2018. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-85572018000200347&script=sci_arttext&tlng=pt Acesso em 21 de abril de 2021. 

MASSOLA, Maria Ester. Yoga para crianças. Rev. bras. med. fam. comunidade ; 7 (Suplemento 1): 16-16, jun. 2012. Disponível em  https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-880761 Acesso em 21 de abril de 2021.

CLARO, Genoveva Ribas Claro. Avaliação Psicopedagógica Institucional. Curitiba: InterSaberes, 2010. 

DORNELLES, Marcos; CRISPIM, Sergio Feliciano. Inteligência Emocional de Professores Universitários: Um Estudo Comparativo Entre Ensino Público e Privado no Brasil. Universidade São Caetano do Sul - São Paulo - Brasil. Disponível em  https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/riesup/article/view/8657189/22484 Acesso em 27/07/2021. 

DAVOGLIO, Tárcia Davoglio; SPAGNOLO, Carla; SANTOS, Bettina Steren dos. Motivação para a permanência na profissão: a percepção dos docentes universitários. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS – Brasil. Disponível em https://www.scielo.br/j/pee/a/vzb6M8PmGWZkK3N9cq8dKbh/?lang=pt&format=pdf Acesso em 25/07/2021.